Pesquisa publicada ontem na revista Science é passo importante na luta contra a obesidade: cientistas da Universidade Johns Hopkins, EUA, desenvolveram uma droga capaz de bloquear, em camundongos, a ação da grelina (hormônio responsável pela sensação da fome). A substância foi injetada em roedores submetidos a dieta rica em gorduras e, mesmo assim, eles deixaram de ganhar peso.A substância, ainda experimental, fez aumentar nos camundongos a tolerância à glicose e desacelerou o ganho de peso sem redução no consumo de alimentos. O estudo, classificado como protocolo de pesquisa, sugere que a droga afeta o metabolismo, e não o apetite.
Novas Ações Metabólicas
A endocrinologista e presidente da ABESO, Dra. Rosana Radominski, explica que “a grelina já está relacionada a outras funções diferentes do controle do apetite. Age no sistema nervoso central, tem certa influência na secreção do hormônio do crescimento, é importante em processos cognitivos (como no processo de aprendizagem) etc. Segundo ela, “esta descoberta demonstra novas ações metabólicas do hormônio: controle glicêmico e redução do aumento ponderal (aumento do peso), sem redução da ingestão alimentar”.O mérito principal da equipe de cientistas liderada pelo Dr. Brad Barnett foi descobrir uma maneira de interferir na ação do hormônio da fome. É que, para agir, ele depende da presença de uma enzima conhecida como GOAT (na sigla em inglês). Os especialistas criaram um composto que inibe o GOAT, resultando na inibição da ação da grelina e, logo, desacelerando o ganho de peso.
Opções de Tratamento
Durante a pesquisa, relatam os cientistas, foi necessário aplicar várias vezes o composto inibidor do GOAT nos camundongos. Embora otimista, a equipe de pesquisadores ainda não pode afirmar se será possível produzir um medicamento que reproduza essa função inibidora.
A Dra. Rosana Radominski acha que ainda é muito cedo para pensar em medicamentos. “A grande maioria dos fármacos não funciona em humanos, apesar de funcionarem em animais”. Há um longo caminho a ser percorrido, segundo ela. “Mas a descoberta demonstra que a procura de tratamentos eficazes para o controle metabólico e para a redução de peso continua”. Ela conclui comentando “sobre a importância de surgirem opções para o tratamento, já que vários medicamentos foram tirados do mercado”.

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